Decidir começar a investir é um passo importante na vida financeira de qualquer pessoa e pode ter um impacto gigante no seu futuro. Independentemente da idade quando se começa, o importante é mesmo começar, porque o arrependimento por não se ter começado antes irá aparecer mais cedo ou mais tarde. Na verdade o tempo é um dos maiores aliados de qualquer investimento, portanto quanto mais cedo se começar, melhores poderão ser os resultados a longo-prazo devido ao poder do juro composto, que faz gerar mais dinheiro de forma exponencial. Como já dizia Albert Einstein: “os juros compostos são a força mais poderosa do universo e a maior invenção da humanidade, porque permitem uma confiável e sistemática acumulação de riqueza”.
Antes de começar
- Avaliar a base financeira: saber qual o valor da tua riqueza actual, qual o volume das tuas receitas e das tuas despesas, fazer um orçamento familiar anual, identificar que rubricas podem ser contidas para poupar mais dinheiro, que dívidas existem e quais as respectivas condições, entre outros.
- Criar um Fundo de Emergência que permita a segurança financeira em caso de um evento ou despesa inesperada, sem ser necessário recorrer a dívidas ou ao dinheiro investido.
- Fazer um plano para amortizar dívidas com elevadas taxas de juro.
- Identificar o perfil de investidor, de acordo com os objetivos, situação financeira, tolerância ao risco, idade e conhecimento/experiência de investimento. Dependendo deste perfil, haverá aplicações financeiras mais adequadas que outras.
- Investir em conhecimento, conhecer detalhadamente os activos em que se vai investir e definir um plano de investimento. Alguns activos carecem de conhecimento mais aprofundado que outros, pelo que deves decidir de forma informada e não apenas porque alguém te disse que aquele investimento é bom.

O teu fundo de emergência deve-te possibilitar viver durante pelo menos 6 meses sem rendimentos, devendo estar num sítio seguro, de rápido acesso e com elevada liquidez. Não deve ser considerado um investimento embora possa estar guardado num produto financeiro que te dê alguma rentabilidade (depósitos ou outras contas à ordem remuneradas, certificados de aforro/tesouro, etc).
Perfil de investidor
Apesar de não existir uma classificação harmonizada dos perfis de investidor e cada intermediário financeira poder utilizar a sua, estas são as designações mais comuns:
Conservador/Prudente
- O objetivo é essencialmente não perder dinheiro, sendo avesso a qualquer risco
- Procura investimentos com garantia do capital investido que tipicamente estão associados a uma menor rentabilidade
- Não suporta grandes oscilações no valor dos investimentos
- Procura rentabilidades equivalentes às taxas de juro de curto prazo
- É aplicável também a quem tem pouco conhecimento de produtos financeiros
Moderado/Equilibrado
- Procura investimentos mistos
- Pretende assegurar uma grande parte do seu capital com produtos mais conservadores
- Aceita assumir algum risco sobre a outra parte do capital para obter maior rentabilidade a longo-prazo
- Está disponível para suportar alguma oscilação no valor dos investimentos
- Procura rentabilidades acima das taxas de juro de curto-prazo
Dinâmico/Arrojado
- Não se importa de colocar o capital em risco, com a perspectiva de uma alta rentabilidade
- Está disponível para suportar as oscilações do mercado bem como a perda do capital investido
- Procura uma rentabilidade superior à média do mercado
- Tipicamente tem mais conhecimento sobre os produtos financeiros, tem uma carteira de investimentos diversificada e uma grande almofada financeira
Tipos de produtos financeiros
Os produtos financeiros podem ser categorizados pela sua natureza de rendimento em duas grandes categorias: renda fixa e renda variável.
Os produtos de renda fixa oferecem retornos previsíveis e geralmente fixos no tempo, isto é, ao realizarmos o investimento, sabemos qual será a rentabilidade (mesmo que esta não seja fixa, por estar indexada a determinada taxa de referência) e sabemos em que datas vamos ter esse retorno. São produtos com baixo risco de perda de capital mas também baixa rentabilidade por esta estar garantida. Alguns exemplos:
- Obrigações de empresas ou governamentais (onde se incluem os Certificados de Aforro e de Tesouro);
- Seguros de capitalização e Seguros PPR (alguns)
- Depósitos a prazo/contas remuneradas
Enquanto na renda fixa a rentabilidade é previsível, na renda variável o valor dos activos pode flutuar, não havendo sequer garantia de retorno. Apesar do maior risco, nomeadamente do capital investido, e de estar sujeito a uma maior volatilidade, a rentabilidade poderá também ser mais elevada que os produtos mais conservadores. Alguns exemplos:
- Depósitos estruturados (que têm normalmente uma renda mínima fixa, sendo o total da renda variável de acordo com outros activos).
- Acções de empresas;
- Fundos de investimento;
- Planos Poupança Reforma (Fundos PPR);
- Exchange-Traded Funds (ETFs);
- Derivados (contratos futuros, opções, swaps, etc);
- Mercado de moedas (Forex) e de Commodities (metais preciosos, energia, produtos agrícolas, etc);
- Imobiliário;
- Crowdfunding/P2P;
- Criptoactivos (criptomoedas, NFTs, etc);
- Obras de arte e outros bens de grande valorização;
- Investimento em negócios.
A renda fixa é uma opção mais conservadora e pode fazer sentido para quem procura uma maior estabilidade de rentabilidade, embora mais baixa. Uma maior exposição a investimentos de renda variável poderá fazer mais sentido para quem tem um perfil mais arrojado e que procure maior rentabilidade com maior risco. Por isso, é mesmo importante conheceres o teu perfil de investidor para identificar quais os produtos fazem mais sentido para ti, aprofundares o conhecimento nesses instrumentos para poderes tomar decisões o mais informadas possíveis e poderes traçar um plano de investimento que adeqúe os diversos produtos aos teus objetivos financeiros a curto, médio e longo prazo.
O site aInvestidora.pt dedica-se sobretudo a partilhar conhecimento e recursos que te permitam planear o teu futuro financeiro de forma atingires a independência financeira mesmo antes de teres idade para te reformar. Apesar de poderem ser abordados todos os produtos financeiros referidos anteriormente, o principal foco são acções de empresas (nomeadamente as que garantem um fluxo de renda consistente e crescente em forma de dividendos) e ETFs. São ambos produtos de renda variável e que têm risco de perda de capital, e que podem e devem ser complementados com produtos de natureza mais conservadora. Cada investidor deve definir o seu plano de investimento e incluir nele os produtos que melhor conhece e que mais satisfazem as suas características de investidor em termos de risco, rentabilidade esperada e prazo de investimento. Se puder ajudar em alguma coisa, envia-me um email.